Um Novo Paradigma para o Marketing e um Desafio Coletivo para os Trabalhadores
A ideia de uma jornada de trabalho reduzida para quatro dias por semana — sem corte salarial — está ganhando força no Brasil. Embora ainda não seja uma realidade consolidada para todos os setores, algumas empresas já começaram a implantar esse modelo, revelando impactos significativos na produtividade, no bem-estar dos trabalhadores e na cultura organizacional.
Esse debate, que parecia distante há alguns anos, hoje está mais próximo graças à luta histórica do movimento sindical por jornadas mais humanas e pela valorização da vida fora do trabalho.
A redução da jornada semanal, sem cortes salariais, já é uma realidade em algumas empresas que entenderam o óbvio: não existe crescimento sustentável sem bem-estar dos trabalhadores. E os números não deixam dúvidas:
Produtividade em Alta: 72,7% das empresas que participaram do piloto no Brasil relataram crescimento nos resultados financeiros no primeiro semestre de 2024.
Mais Saúde, Menos Doença: Os índices de estresse (-62,7%), ansiedade (-67%) e insônia (-50%) despencaram, provando que a exaustão não é requisito para o bom desempenho.
Ambiente de Trabalho Transformado: 83,2% dos trabalhadores perceberam melhora na cultura interna e 86,5% relataram maior senso de propósito no trabalho.
Esses dados escancaram que a luta histórica pela redução da jornada é uma pauta urgente, possível e benéfica para todos — e que precisa ser ampliada por meio de acordos coletivos, convenções e mobilização sindical.
No marketing, setor marcado por prazos apertados, pressão constante e metas agressivas, a semana de 4 dias surge como alívio e inovação. Ao garantir mais tempo livre e descanso, a mudança:
Estimula a Criatividade: Com mente descansada, surgem ideias mais originais e campanhas mais impactantes.
Fortalece a Comunicação Interna: Reuniões mais objetivas e foco nas tarefas essenciais melhoram os resultados das equipes.
Atrai e Retém Talentos: Empresas que oferecem condições humanas de trabalho se destacam na disputa pelos melhores profissionais.
Mais do que um benefício individual, essa transformação é estratégica para o fortalecimento do setor e deve ser defendida coletivamente.
O caminho para a implementação da semana de quatro dias passa pela negociação coletiva e pela organização dos trabalhadores. Os sindicatos têm papel central ao garantir que essa mudança:
Não represente acúmulo de funções;
Mantenha salários e benefícios integrais;
Seja construída com participação das equipes e transparência nos critérios.
Não se trata de “bondade empresarial” — trata-se de direitos, dignidade e justiça social. Se há aumento de produtividade, esse ganho deve ser revertido em mais tempo para viver.
A semana de 4 dias é mais do que uma tendência. É uma bandeira que precisa ser empunhada com coragem pelas entidades sindicais, especialmente nos setores criativos como o marketing. Um novo modelo de trabalho é possível — mais justo, mais equilibrado e mais produtivo. E ele será construído com protagonismo dos trabalhadores organizados.
16/04/2025