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Artigo

Fim da Escala 6x1: A Luta do Sindpromark pela Redução da Jornada de Trabalho



Pedro Barnabé - Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Marketing

 

Nos últimos tempos, temos assistido a um debate crescente sobre a jornada de trabalho, especialmente entre os profissionais de marketing, uma categoria que, assim como tantas outras, tem se visto cada vez mais sobrecarregada pela rotina exaustiva. Temos acompanhado esse movimento com muito interesse, pois sabemos que a redução da jornada de trabalho sempre foi uma bandeira do nosso sindicato. E agora, mais do que nunca, essa luta se faz necessária, não só para os trabalhadores de marketing, mas para toda a classe trabalhadora.

A discussão ganhou novos contornos nos últimos meses, quando Rick Azevedo, um profissional de marketing, fez um desabafo nas redes sociais sobre o sofrimento físico e mental causado pela sobrecarga de trabalho da jornada 6x1. Seu vídeo viralizou rapidamente, e a partir disso, nasceu o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que logo tomou proporções ainda maiores. Rick, que se lançou como candidato a vereador no Rio de Janeiro, foi eleito com mais de 29 mil votos, uma demonstração clara de que as pessoas estão cansadas desse modelo de trabalho insustentável.

Esse movimento gerou repercussão no Congresso Nacional, com a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pela deputada Érika Hilton (PSOL), que propõe uma jornada de trabalho de quatro dias por semana, com oito horas diárias e 36 horas semanais. Embora a proposta ainda esteja em tramitação, ela representa uma evolução importante nas discussões sobre o futuro do trabalho no Brasil. E é justamente isso que o Sindpromark está defendendo: um modelo de trabalho que priorize a qualidade de vida do trabalhador, sem prejudicar seus direitos e sem abrir mão de uma remuneração justa.

Aqui no setor de marketing, o impacto da jornada 6x1 é especialmente grave. A pressão por resultados rápidos, a necessidade de estar sempre conectado e a quantidade de horas exigidas para lidar com as demandas da profissão têm levado muitos de nós a um limite físico e psicológico. Não é à toa que, nos últimos anos, a síndrome de burnout tem se tornado cada vez mais comum entre os profissionais da nossa área. O estresse constante e a falta de tempo para se desconectar têm sérios impactos na saúde mental e na produtividade do trabalhador.

E é aqui que entra a nossa luta: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. É possível, sim, ter mais qualidade de vida, sem que a produtividade do trabalhador seja comprometida. Estudos mostram que, ao equilibrarmos a vida pessoal e profissional, a tendência é aumentar o engajamento, reduzir o absenteísmo e melhorar o desempenho no trabalho. Isso não é só uma questão de saúde; é também uma questão de eficiência.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a jornada de trabalho no Brasil é uma das mais longas do mundo. Enquanto a média mundial é de 39 horas semanais, no Brasil seguimos com uma jornada de 44 horas. Isso significa que, em um mundo cada vez mais tecnológico e automatizado, estamos perdendo a oportunidade de reduzir a carga de trabalho sem comprometer os resultados das empresas. E, se desde a promulgação da Constituição de 1988, tivesse sido implementada uma redução gradual de 10 minutos por ano, hoje já estaríamos com uma jornada semanal de 38 horas, mais próxima da realidade de países desenvolvidos.

A tecnologia tem sido um grande aliado das empresas, que agora conseguem produzir mais com menos horas de trabalho. No entanto, esses ganhos precisam ser compartilhados com os trabalhadores. Não podemos aceitar que a produtividade aumente enquanto os profissionais continuam a pagar o preço com sua saúde e seu tempo pessoal. O avanço tecnológico deve resultar em mais qualidade de vida para os trabalhadores, e não em mais exploração.

No Sindpromark, acreditamos que essa luta pela redução da jornada de trabalho é uma questão que vai além da nossa categoria. É uma causa que deve ser abraçada por todos os trabalhadores, de todas as áreas, porque os benefícios de uma jornada mais equilibrada são evidentes para a sociedade como um todo. E essa é uma pauta de futuro, que se antecipa aos desafios do mundo do trabalho que está por vir.

Nosso sindicato, há muito tempo, defende que a redução da jornada de trabalho sem redução de salário é a melhor solução para os trabalhadores, pois ela resulta em um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, o que, por sua vez, impacta diretamente no aumento da produtividade. E, ao contrário do que muitos podem pensar, essa é uma medida que traz benefícios tanto para os trabalhadores quanto para as empresas.

A jornada de trabalho de 6x1, que ainda é uma realidade para muitos trabalhadores de marketing, deve ser revista. É fundamental que os trabalhadores tenham tempo para descansar, para viver, para se cuidar. O trabalho não pode ser a única coisa que define a vida de uma pessoa. E é por isso que o Sindpromark tem se empenhado para transformar essa realidade, buscando uma jornada mais justa e mais humana para todos os trabalhadores de marketing.

A articulação da classe trabalhadora em torno dessa causa é essencial para alcançar a mudança. Não podemos permitir que esse debate seja empurrado para o futuro. A hora de agir é agora. O Sindpromark seguirá firme na luta para garantir um futuro em que os trabalhadores tenham não só um salário digno, mas também tempo para viver. A redução da jornada de trabalho é uma bandeira que deve ser levantada por todos nós, em busca de um trabalho mais equilibrado, mais saudável e mais justo.

Vamos juntos, construir o futuro que queremos – um futuro de mais qualidade de vida e menos sobrecarga. A luta está apenas começando, e o Sindpromark estará sempre ao lado de quem acredita em um trabalho mais humano.

15/11/2024