11 2579-1975 - 11 2579-1976
contato@sindpromark.org.br
Delegação internacional de sindicalistas visita a CUT

Representantes dos trabalhadores no parlamento britânico e no movimento sindical de vários países estão no Brasil para acompanhar as eleições e observar a parte final da campanha eleitoral



São Paulo – Delegação com mais de 30 representantes da UNI Global Union, da Progressive International e da Central Sindical das Américas (CSA) chegou ao Brasil na manhã desta quinta-feira (27) para acompanhar o segundo turno das eleições para a Presidência da República. Uma das preocupações é com o aumento do assédio eleitoral e com os riscos ao regime democrático. Além dos sindicalistas, representantes do parlamento britânico também fazem parte da comitiva.

Como primeiro compromisso, à tarde, a delegação se reuniu com representantes da CUT e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na sede da central, na região central de São Paulo. “É uma honra receber uma delegação internacional tão importante, que foi fundamental para a libertação do Lula, que permitiu que ele disputasse a eleição deste ano”, disse o presidente da entidade, Sérgio Nobre.


Assédio eleitoral
Balanço do Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que houve aumento de 670,3% das denúncias de assédio eleitoral no Brasil na comparação entre as eleições de 2018 (212 denúncias) com a deste ano (1.633 denúncias). Na região Sudeste do país foi registrada o maior número de denúncias (684). O estado onde ocorreram mais denúncias foi Minas Gerais (449). No Sul do país foram registradas 457 denúncias, sendo o Paraná o estado com o maior número de registros (184).

“É um absurdo o que estamos vendo em nosso país em pleno século 21. Empresários pressionando seus empregados a votarem em determinado candidato”, disse indignada a brasileira, secretária de Relações internacionais da Contraf-CUT e presidenta da UNI Finanças Mundial, Rita Berlofa, que recepciona a delegação internacional. “Coagir, ameaçar ou prometer benefícios para que os funcionários votem em determinado candidato é assédio eleitoral. Esta prática se configura como crime e põe em risco o regime democrático”, completou.


Riscos para o Brasil e o mundo
Por sua vez, a parlamentar britânica Zarah Sultana (Partido Trabalhista) reforçou a posição de Rita Berlofa. “Tudo o que estamos ouvindo sobre os riscos à democracia e a destruição ambiental no Brasil nos deixa muito preocupados”, disse.

Laura Tonis, coordenadora do Projeto Justiça e Paz, uma instituição de caridade da Inglaterra, disse que “é importante mostrarmos o que está aconteceu com Lula e o que está acontecendo no Brasil, após um golpe de lawfare (emprego de manobras jurídico-legais como substituto de força armada) para impedir que isso se repita em outras partes do mundo”.

A secretária-geral da UNI Global Union, Christy Hoffman, observou que o que acontece no Brasil já foi visto nos Estados Unidos, com Donald Trump. “Ele perdeu as eleições, mas convenceu muita gente que tinha sido vencedor. Temos que tomar cuidado para que isso não se repita aqui no Brasil.”

A secretária de Políticas Sociais da CSA, Jordania Ureña, reforçou a posição de Christy. “A vitória do Lula será uma vitória dos trabalhadores do mundo todo”, disse. “E esta nossa visita aqui é um exercício que fazemos hoje para o fortalecimento do movimento sindical mundial”, acrescentou.

Depois das eleições
O presidente da CUT alerta que é preciso pensar no pós-eleição. “Está sendo um desafio vencer as eleições em uma disputa contra a máquina pública, que liberou bilhões de reais no meio do processo eleitoral. Mas, a vitória precisa ir além, para vencermos este pensamento fascista que desrespeita as mulheres, os negros, os trabalhadores e discrimina tantos outros grupos sociais”, disse. “Para isso, é importante que o governo Lula, logo no início, tome medidas para mudar o grave quadro de crise social e econômica que o país vive.”

Já o deputado britânico Jeremy Corbyn lembrou que também é preciso ampliar o movimento sindical. “Em visitas que fizemos a outros países da América Latina, vimos que muitos jovens trabalhadores não sabem sequer onde ficam as sedes das empresas para as quais trabalham e estão totalmente alheios das pautas sindicais e das lutas por seus direitos. Precisamos incluí-los na organização sindical para termos mais força. Além disso, eles são o sindicalismo do futuro”, disse.

Continuidade
A delegação internacional permanece no Brasil até domingo (30), dia do segundo turno. Entre outras atividades, nesta sexta-feira (28) haverá uma visita à cozinha solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em Santo André, no ABC paulista. No sábado a delegação viaja até Guararema, no interior de São Paulo, onde visita a Escola Nacional de Formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No domingo eles acompanham as eleições até a divulgação do resultado das urnas.

A UNI Global Union é uma entidade sindical mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor serviços em 150 países. A Progressive International é uma organização que reúne entidades e grupos de ativistas progressistas de todo o mundo.

Por fim, a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) congrega 48 organizações nacionais de 21 países, que representam a 55 milhões de trabalhadores. É a organização regional da Confederação Sindical Internacional (CSI).

Matéria publicada originalmente pelo departamento de imprensa da Contraf-CUT

27/10/2022