1º ATO - Estudantes protestam em SP e Brasília contra reforma do ensino médio imposta por Temer
Estudantes reclamam da retirada de disciplinas obrigatórias, da falta de diálogo e prometem seguir mobilizados
São Paulo – Estudantes protestaram na noite de ontem (26) em São Paulo contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo Michel Temer através da Medida Provisória (MVP) 746/2016, publicada na última sexta-feira (23). Eles são contra as propostas que alteram o currículo escolar e tornam obrigatórias durante os três anos do ensino médio apenas as disciplinas de português, matemática e inglês.
O ato teve início por volta das 17h, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Como o movimento se declara horizontal e sem liderança, os estudantes decidiram fazer uma assembleia no local para decidir qual seria o caminho da passeata. No entanto, enquanto decidiam qual seria o caminho, a Polícia Militar cercou o Masp, impedindo a saída dos estudantes, dizendo que eles deveriam informar antes qual seria o trajeto do ato.
O clima ficou tenso, mas houve negociação e os estudantes então saíram em caminhada pelas avenidas Paulista e Brigadeiro Luiz Antonio, até a sede do PMDB, na região do Ibirapuera. Além de palavras de ordem contra a reforma do ensino imposta por Medida Provisória, os manifestantes também gritaram "Fora, Temer!"
O ato foi encerrado mais à frente, na região do Parque Ibirapuera, no Monumento às Bandeiras, por volta das 21h. Em jogral, os estudantes afirmaram "se a Medida Provisória passar (no Congresso), a luta não vai cessar".
O ato dos estudantes foi acompanhado por uma grande quantidade de policiais, mas seguiu de forma pacífica. A PM calculou cerca de 700 estudantes no ato. Os manifestantes não fizeram estimativas.
Críticas
Um dos participantes do protesto, Alan Queiroz, de 16 anos, secundarista de uma escola da zona norte da capital paulista, disse que o protesto de ontem foi "o primeiro ato contra a reformulação do Ensino Médio que, na verdade, é um plano de privatização do governo Temer, que é verticalizado, de cima para baixo, sem diálogo com os alunos ou a comunidade escolar".
Para Alan, a reforma imposta desconsidera o direito à diversidade de pensamento, ao privilegiar a formação técnica dos estudantes, com vistas ao mercado. "Quero prestar sociologia e, se não tiver essa matéria dentro da escola, terei um atraso muito grande na faculdade. O ato é para mostrar que a população está contra a reforma."
Para Alan, a reforma não "mexe no que realmente deve". "O que adianta colocar os alunos em uma escola com horário integral, sendo que eles não têm material para o horário integral? As vezes não tem giz para o professor. E a alimentação? Também tem que ser discutido. Não tem essa estrutura para colocar em horário integral", reclamou.
Lilith Cristina de Passos Moreira, 16 anos, também reclamou da reforma do Ensino Médio. "O ensino público está cada dia mais precarizado. Um dos motivos que está movendo os estudantes contra essa reforma é a carga horária, que vai aumentar a evasão escolar."
Brasília
Na capital federal, estudantes e professores também são unânimes na crítica quanto a falta de diálogo na implementação da reforma. Segundo eles, o governo Temer deveria ter debatido com os verdadeiros interessados antes de anunciar a medida que valerão já para o ano que vem, a apenas três meses do término do ano letivo.
"O nosso ensino médio realmente precisa de uma reforma, mas não foi conversado com a gente. Não houve nem pesquisa sobre o que seria melhor. A gente tem que ser ouvido antes de qualquer decisão ser tomada", afirma a estudante Camila Rodrigues, em entrevista ao repórter Uélson Kalinoviski, para o Seu Jornal, da TVT.
por Redação RBA
27/09/2016