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CONTRASTES - Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 supera expectativas; Temer se esconde

Presidente interino aproveitou do clima descontraído que marcou a abertura dos jogos para se esconder; mesmo quebrando protocolos, Temer foi caçado por vaias do público



São Paulo – O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima foi o grande protagonista da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Rumores sobre quem acenderia a pira da primeira Olimpíada sediada na América Latina colocavam entre os mais cotados: o membro do hall da fama do basquete, Oscar Schmidt, Marta da Silva Viega, cinco vezes eleita a melhor do mundo no futebol,  Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, Gustavo Kuerten, o Guga, Hortência Marcari e Vanderlei. Favorito de atletas, como Maria Esther Bueno, maior nome do tênis brasileiro feminino, o maratonista chamou a responsabilidade e emocionou o mundo.

Medalhista de bronze em Atenas (2004), Vanderlei só não ganhou o ouro na prova símbolo dos jogos porque foi interceptado por um padre irlandês, já no fim da prova. Sem desistir, o brasileiro honrou o país, insistindo e entregando suas forças para alcançar a terceira posição no pódio. Os outros nomes cotados para a solenidade não deixaram de participar. Oscar e Marta carregaram a bandeira olímpica; Guga e Hortência levaram a chama até as mãos de Vanderlei, no percurso final do revezamento da tocha.

A cerimônia histórica contou com momentos emocionantes para o público. Com alcance de cinco bilhões de pessoas em mais de 220 países, a abertura dos jogos coroou o trabalho dos diretores do espetáculo: o cineasta Fernando Meirelles (Cidade de Deus, 2002), Andrucha Waddington (Eu Tu Eles, 2000) e Daniela Thomas (Insolação, 2009).

O tema central foi a diversidade, tratando de forma delicada a formação plural do povo brasileiro, sem deixar de lado pedaços espinhosos da história do país, como a escravidão. O cuidado com o meio ambiente também protagonizou o roteiro do evento. A própria pira, que deve manter a chama acesa até o dia 21, é singela, em oposição à sua estrutura marcante. Através de jogo de espelhos, com movimentos que lembram a arte cinética, a obra amplifica a luz da pira, mesmo que alimentada por um pequeno caldeirão como combustível do símbolo olímpico.

Mais informal do que de costume em outras edições, o evento trouxe delegações descontraídas. Entre as mais aplaudidas, as equipes latino-americanas, Colômbia, México e Uruguai. Dividindo o estrelato, países que possuem histórias cruzadas com o Brasil: Portugal, Japão, Itália e Espanha. Entretanto, os grandes destaques demonstraram característica brasileira de valorização do esforço. Palestina, mesmo com poucos atletas, despertou palmas marcantes de um Maracanã lotado. Cerca de 50 mil pessoas também aplaudiram de pé a equipe que veio sem bandeira, muito em razão do escândalo do doping russo, que cortou a equipe de atletismo do país, porém, jogarão por tal equipe aqueles limpos.

O grande destaque de aceitação do público, que fez levantar todos os chefes de Estado presentes, entre eles, o presidente das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, foi o time de refugiados. Pela primeira vez na história, atletas que foram deslocados à força, por motivo de guerra civil ou desastre ambiental, participarão da Olimpíada como uma equipe conjunta. O grupo foi quase tão ovacionado quanto o Time Brasil.

Além do clima descontraído das delegações participantes dos jogos, rupturas no protocolo olímpico chamaram a atenção. O presidente interino, Michel Temer (PMDB) teve participação apagada, quebrando padrões da cerimônia, para evitar os holofotes.

Temer não foi apresentado, como direciona o protocolo, no início do desfile dos atletas. Sempre escondido e com aspecto fechado, o presidente interino pronunciou poucas palavras, apenas declarando aberto os jogos. A intenção do público deixou evidente a razão da timidez de Temer. Durante a breve declaração, necessária para o andamento da cerimônia, o presidente interino recebeu sonoras vaias do Maracanã lotado.

As vaias só não foram maiores porque o público, extasiado com a bela apresentação, não notou o começo de sua fala. Isso porque a organização do evento não o apresentou, bem como nenhum participante do espetáculo. A primeira demonstração do público em oposição ao poder público veio em um ensaio, durante as palavras do presidente do comitê organizador dos jogos, Arthur Nuzman. Ao agradecer a interação entre as três esferas do Executivo (municipal, estadual e federal), Nuzman ficou surpreendido com vaias, que se dissiparam com a continuidade de seu discurso, que, ao exaltar atletas e o espírito olímpico, foi aplaudido pelos presentes.

Primeiro dia oficial
De fato, a disputa dos Jogos Olímpicos Rio 2016 começou na quarta-feira (3), com a vitória da seleção feminina brasileira de futebol, que saiu vitoriosa de embate contra a China, por 3 a 0. No dia seguinte (ontem), o time masculino não repetiu bom resultado, saindo de campo com atuação apagada e entre vaias dos presentes no estádio Mané Garrincha, em Brasília, após empate sem gols contra a África do Sul.

Entretanto, hoje (6), após a abertura oficial dos jogos, as disputas ganham ritmo e a variedade de esportes invade a atenção dos brasileiros. O sábado segue com a agenda repleta de atividades para os atletas. Entre eles, estão a seleção feminina campeã olímpica do vôlei brasileiro. As meninas não participaram da abertura, justamente por estarem concentradas para a partida de amanhã, contra Camarões, às 14h30.

Ainda nos esportes coletivos, a seleção campeã mundial de handebol feminino brasileiro encara a potência do esporte, Noruega, logo cedo às 9h30. Com boas chances de medalha e tradição no esporte, o Brasil enfrenta o Canadá, às 11h, no vôlei de praia. O basquete feminino também entra nas quadras do Maracanazinho para enfrentar o seu primeiro desafio: a Austrália. Também joga o rugby feminino, contra o Canadá, às 17h20.

por Gabriel Valery, da RBA

06/08/2016