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Negro ainda é maioria em trabalhos mais precários, afirma Pochmann

Mudança está começando, porém isso é pouco para mudar o problema estrutural da sociedade, diz comentarista econômico



São Paulo – O economista e professor Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, analisou hoje (13) em sua coluna na Rádio Brasil Atual a situação do trabalhador negro no mercado de trabalho e na educação. Segundo ele, o país é marcado pela desigualdade e ainda está no começo do caminho para mudar o cenário. “Nós temos uma herança história de um país que se constitui na época da escravidão, tendo marcas consideráveis que exigirão políticas publicas de longo prazo para poder de fato constituir uma sociedade menos desigual.”

Para o economista, a sociedade é divida por critérios de sexo, idade e etnia, já que mulheres, jovens e negros têm remunerações menores do que a média salarial de cargos similares. Contudo, os negros ainda prevalecem a ocupar os postos de trabalhos que são mais simples e precários. Entretanto, está em curso uma alteração positiva, em função de políticas públicas recentes, com o objetivo de criar melhores condições de inserção na educação e mercado de trabalho para a população negra.

“A desigualdade de etnia é muito pequena no setor público, em comparação com o privado. Por exemplo, nós temos em determinadas circunstâncias, que a ocupação ampliou-se para os trabalhadores negros, mas de maneira geral, a baixa escolaridade é uma dificuldade para ter um emprego de melhor qualidade. Porém, quando ele consegue esse bom emprego, não garante a mesma remuneração que o trabalhador branco”, afirma Pochmann.

Segundo o economista, as cotas são positivas para enfrentar um problema estrutural, porém ela não pode ser vista como solução, pois o problema é mais amplo. “Ela abre uma perspectiva para a construção de uma elite (intelectual) negra, que até então tinha o perfil branco. Mas para vencermos a desigualdade profunda é preciso, para além de consolidar as cotas, avançar na universalização com qualidade, sobretudo no sistema de educação brasileiro.”

Pochmann reforça que, mesmo com a maioria da sociedadebrasileira não branca, a população negra não tem grande representatividade em cargos políticos. “Isso é uma demonstração que devemos avançar, nós estamos apenas no começo e esse começo mostra ser positivo, considerando que a população negra estava condicionada aos postos de menor qualidade no mercado de trabalho e no sistema educacional.”

por Redação RBA 

13/05/2015