OIT: trabalhadores recebem parcela menor do crescimento econômico
Segundo relatório, o crescimento global dos rendimentos foi determinado principalmente pelas economias emergentes ou em desenvolvimento, mas com variações regionais. Brasil fica abaixo da média mundial
São Paulo – Os salários continuaram crescendo em 2013, segundo informe da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas em ritmo menor ao do período pré-crise. No ano passado, o aumento real (descontada a inflação) foi de 2% ante 2,2% em 2012. Em 2006 e 2007, antes da crise global, as altas estavam em torno de 3%. A OIT chama a atenção também para o fato de que a produtividade vem crescendo acima dos rendimentos, principalmente nos países desenvolvidos. "O crescente desajuste entre salários e produtividade se traduz em uma proporção cada vez menor do Produto Interno Bruto (PIB) destinada ao trabalho, enquanto uma proporção cada vez maior vai para o capital", diz o relatório.
Ainda de acordo com o informe divulgado hoje (5), o crescimento dos salários nos últimos anos é determinado, principalmente, pelas economias emergentes e em desenvolvimento. "Há, no entanto, importantes variações regionais", lembra a OIT. Na Ásia, por exemplo, a alta em 2013 chegou a 6%. No Oriente Médio, a 3,9%. Mas vai a apenas 0,9% na África e a 0,8% na América Latina e no Caribe, e praticamente fica estagnado nas economias desenvolvidas (0,2%). "Em alguns casos – incluindo Grécia, Irlanda, Itália, Japão, Espanha e Reino Unido – os salários médios reais em 2013 encontravam-se abaixo do seu nível de 2007", aponta a OIT.
A China é responsável por parte significativa do crescimento. Excluído o gigante asiático, a alta de 2% no ano passado se reduz para 1,1%. Em 2012, passa de 2,2% a 1,3%.
O relatório faz menção a certa redução da desigualdade em países da América Latina, citando o Brasil, onde o crescimento real dos salários foi menor de 2012 para 2013. Depois de subir 4,1% no ano anterior, a alta passou a 1,8%, abaixo da média mundial.
Depois de crescer 2,8% em 2006 e 3,1% em 2007, os salários subiram apenas 1,2% em 2008, já sob os efeitos da crise. Nos anos seguintes, o comportamento foi instável: 1,6% em 2009, 2,2% em 2010 e 1% em 2011.
"O estancamento dos salários deve ser abordado como uma questão de justiça e de crescimento econômico", afirma a diretora geral adjunta para Políticas da organização, Sandra Polaski. "E como a desigualdade em geral é sobretudo uma consequência da desigualdade de salários, é necessário adotar políticas de mercado do trabalho para enfrentá-la", acrescenta. "Uma estratégia deveria incluir políticas sobre o salário mínimo, fortalecimento da negociação coletiva e eliminação da discriminação."
por Redação RBA
05/12/2014